segunda-feira, junho 30, 2003

Cruzeiro passa pelo Inter e segura a ponta
Explicação: os gaúchos do Inter queriam segurar a ponta, mas os mineiros do Cruzeiro foram mais rápidos e seguraram antes.
Que coisa mais gay... :-P
O melhor em Campinas: as mulheres
Concordo... o jogo entre o Guarani e o São Paulo foi fraco, mas o trio de arbitragem foi um show a parte. ;-)
Fim de semana mais besta: gripe, frio, sem dinheiro, tudo dando errado...
e se não bastasse, a seguir vem uma segunda-feira mais fria ainda! :-P

sexta-feira, junho 27, 2003

Câmara aprova nova carteira de identidade
A idéia é tão simples que não sei porque não fizeram antes...
Muita gente vai aproveitar pra mudar a foto do RG ou a assinatura tb. ;-)
Agora acabou!!! - Capítulo XXIX

- O que Bruno lhe disse de tão importante aquela noite? - Perguntou
Jeitosinha, ansiosa, ao travesti Kátia Trovoada.

- Bom, menina... Ele chegou aqui todo sem gracinha. Estava bem
bêbado, mas nem por isso perdeu a timidez...

- Sim... E então? - A loira mal controlava suas emoções.

- Então eu perguntei como ele queria, e coisa e tal... Ele me disse
que era a sua primeira vez num lugar como esse, e provavelmente a última...

- O que mais?

- Bem, ele disse que não estava a vontade, mas que precisava se
colocar a teste... Por amor. Na ocasião não entendi nada, pensei que era coisa
de bêbado, mas agora entendo...

Os olhos de Jeitosinha brilharam:

- Sim! Como não pensei nisso antes? Ele queria saber se conseguiria se
adaptar ao meu estranho jeito de amá-lo!

- Ah, Santa... Carinha de quem estava se adaptando ele fez... -
emendou Kátia, com um gesto afetado.

- Vou procurá-lo agora mesmo!

Enquanto Jeitosinha corria para os braços de seu amado, Bruno dava um
ponto final em sua relação com Adenaíra. Foi uma longa conversa, que
terminou num clima cordial.

- Não me leve a mal... Pensei que pudesse esquecer Jeitosinha, mas...
É impossível. De alguma maneira, sinto que quando estou com ela tudo
parece se encaixar...

- Se eu tivesse sabido antes não teria quebrado o pino do meu
Lego... - lamentou Adenaíra - De qualquer forma, devo-lhe minha vida. Sou grata
pelos dias que passamos juntos e pelos seus cuidados. Espero que um dia
você e Jeitosinha possam voltar a se entender...

- Não creio ser possível... - Que segredo você guarda sobre ela?
Existe algo mais, além da particularidade anatômica?

- Não me force a dizer. Só lhe adianto que sua irmã não é quem parece ser...

Neste momento a porta da sala se abre, de forma dramática.

- Sim, Bruno... Sim, meu amor! Sou sua Jeitosinha! Jamais fui tocada por
outro homem que não você!

É claro que àquela altura do campeonato, falar sobre Laura Croft era
perfeitamente dispensável. Aliás, ela era uma mulher...

- Não pode ser ... Eu vi você naquele local deplorável!

- Eu vinha sendo chantageada por Arlindo... Mas não cheguei a entrar
em ação! É uma longa história meu amor...

Bruno começou a se despir de sua casca de rancor.

- Eu... eu também só fui lá naquele dia porque...

- Eu já sei... Esqueça, Bruno... Não diga nada... Apenas me beije!

Cabisbaixa, Adenaíra deixou o apartamento de Bruno e seguiu a esmo
pelas ruas escuras da cidade.

Jeitosinha e seu homem se amaram loucamente, como estavam
predestinados a fazer por muitos e muitos anos.

Não muito longe dali, uma nave espacial alienígena pousava no
matagal.

- Porque voltamos, chefe? - Perguntou uma das criaturas verdes.

- Veja com seus próprios olhos! Compramos gato por lebre!

O ET entregou ao colega um exemplar de uma popular revista de mulher
pelada.

- Ué... Aquela moça que trouxemos à nave tinha um detalhe a mais...

- Claro! Era um homem disfarçado!

- Como o senhor descobriu?

- Bem, já tínhamos até saído desta galáxia quando resolvi folhear umas
revistas que levei de recordação deste planetinha atrasado. Foi aí
que me deparei com estas fotos de mulheres nuas e percebi tudo: as fêmeas
daqui são, aparentemente, exatamente como as nossas! Tudo indica que estão
prontas para reproduzir nossos filhos!

- Que beleza, chefe! O que faremos?

- O óbvio: pegaremos uma outra mulher, nos certificaremos de que ela
não tem nenhum complemento indesejável e voltaremos às nossas experiências!

- Então aproveita, chefe... - disse um dos homens verdes, olhando pela
escotilha - Vem uma gatona ali!

E foi assim que Adenaíra acabou nas mãos dos extraterrestres. Por
mais que os cientistas do outro mundo se esforçassem, continuariam sem
entender o mecanismo de reprodução dos humanos.

Adenaíra nunca mais foi vista. E como Jeitosinha preferiu guardar
segredo sobre sua experiência com os ETs, o planeta Terra nunca soube que duas
irmãs, numa surpreendente manobra do destino, acabaram salvando a humanidade.

Hoje, quem vê na missa dominical Jeitosinha e Bruno, com suas lindas
crianças adotadas, nem imagina que por trás daquela aparente normalidade
repousa um segredo e uma história surpreendente.

E se você acha que os homenzinhos verdes são a parte mais absurda
desta saga, é porque não viram Jeitosinha e Bruno em seus momentos de
intimidade...

FIM
Último capítulo - Capítulo XXVIII

Alguns dias que se passaram desde a morte de Ambrósio. Adenaíra vinha
se recuperando da infecção hospitalar. Bruno a levara para sua casa e a
convivência era amigável. A moça se esforçava para transformar aquele
apartamento de solteiro em um lar, e o rapaz gostava de sua companhia. Mas
não conseguia esquecer Jeitosinha e ainda sentia um, digamos, "vazio
por dentro", se é que você me entende...

Como era de se esperar, os exames periciais confirmaram que tratava- se
da letra de Ambrósio no bilhete. Provaram também que as digitais eram
mesmo de Arlindo. Impotente diante da armadilha armada pela irmã, e diante das
péssimas condições da carceragem, o rapaz simplesmente enlouqueceu.

Na casa de Jeitosinha todos se esforçavam para retomar as rotinas de
suas vidas. Adenaíra escrevera, contando da operação e de como estava
feliz em sua nova condição. Omitira, entretanto, que era hóspede de Bruno. No
bordel de Madame Mary, Jeitosinha buscava superar a perda de seu amado nos
braços de Laura Croft.

O treinamento da loira continuava. Na penumbra de seu escritório, a
cafetina continuava instruindo Jeitosinha sobre os mistérios do amor e do
sexo, mas ainda eram apenas aulas teóricas, o que já estava deixando nossa
heroína impaciente.

- Às vezes sinto que a senhora, deliberadamente, está adiando minha
estréia profissional - questionou um dia Jeitosinha.

Pela primeira vez, a sempre segura Madame Mary pareceu incomodada.

- Que bobagem, querida... Já lhe disse, tenho uma imagem a zelar...
Tudo virá a seu tempo.

Jeitosinha vinha se abrindo cada vez mais com a patroa. Chegou a
confessar o atentado com a serra-elétrica, o plano que incriminou Arlindo e o
desejo de se vingar da mãe. Madame Mary a tudo ouvia, sem emitir qualquer
opinião. Naquela tarde, entretanto, encontrou Jeitosinha mais fragilizada do
que de costume.

- O que houve, criança? - Perguntou a cafetina.

- Não sei o que está havendo comigo, Madame Mary... - Disse a loira, com a
voz embargada - Talvez seja a falta de Bruno, ou o remorso por ter
tirado a vida de meu pai... Mas o fato é que estou fraquejando. Começo a achar
que talvez mamãe não seja assim tão culpada pelo meu destino. Talvez seja
a maior das vítimas, preservando um segredo por tantos anos apenas para
poupar a todos da ira de Ambrósio.

- O que você quer dizer com isso? - perguntou Mary.

- Quero dizer que estou cansada de ódio e sofrimento. Vou buscar minha
felicidade. E começarei procurando mamãe e dizendo que a perdôo...

- Não creio que você precise procurá-la... - disse Madame Mary, num
tom de voz bastante familiar.

A mulher aproximou-se do fraco abajur que iluminava o escritório. Com
lágrimas banhando o rosto, retirou sua máscara...
- Mamãe? É você?! Não pode ser!

- Claro que sou eu, querida... Você acha que com o salário de
contínuo do seu pai conseguiríamos criar sete filhos e ainda comprar pra você a
coleção completa da Barbie?

- Então é por isso que o meu treinamento nunca terminou! Você não
queria prostituir a própria filha!

- Sim... Este foi apenas um dos muitos sacrifícios que fiz por você.
Fui eu quem joguei fora os restos mortais de Ambrósio e limpei a bagunça da
sala... O telefonema e o bilhete falando da pescaria também foram invenções
minhas.

- Então... Papai realmente havia morrido? - espantou-se.

- Sim! Só não me pergunte como ele voltou à vida. Talvez tenha sido um
milagre dos céus para poupá-la, Jeitosinha. Você já havia sofrido
demais, e aquele plano da serra-elétrica era simplesmente ridículo... Você
deixou suas digitais espalhadas pela casa inteira! O segundo crime foi muito mais
requintado, e ainda puniu o chantagista do Arlindo!

Jeitosinha abraçou a mãe, emocionada (Imagine uma música melosa,
executada por um naipe de violinos...). Finalmente, quase tudo parecia se
encaixar.
Era um novo tempo de recomeço. De repente Jeitosinha percebeu que o
bordel nunca fora seu lugar. O que de fato a atraía era o magnetismo de
Madame Mary, que não era ninguém menos que Marilena.

Não fosse a saudade que sentia de Bruno, tudo estaria perfeito em sua
vida. No final daquela tarde, Jeitosinha se despediu das colegas de bordel.

- Vou tirar um tempo para mim. Preciso repensar minha vida... Talvez
volte a esta casa como auxiliar de mamãe, não sei... O importante é que fiz
muitos amigos aqui...

Laura Croft chorava copiosamente.

- Está tudo acabado entre nós?

- Sim, Laura... Não adianta. Bruno é o meu único amor. Preciso
esquecê-lo antes de poder recomeçar com outra pessoa...

Laura pareceu entender. Tanto que deu a Jeitosinha um conselho bem
prático:

- Se você o ama tanto, porque não tenta uma reaproximação? Tudo bem,
ele pensa que você é uma de nós, mas você, em contrapartida, flagrou-o nos
braços da Kátia Trovoada...

Kátia, o traveco moreno que possuiu Bruno, espantou-se:

- Aquele era o seu bofe? Ih, menina... Você está sofrendo a toa...

- Como assim? - surpreendeu-se Jeitosinha.

E Kátia começou a narrar o diálogo que ela e Bruno tiveram antes do
ato de amor...

quinta-feira, junho 26, 2003

E para alívio dos leitores desse blog, amanhã serão publicados os 3 últimos capítulos da novela da Jeitosinha.
Não perca. ;-)
O Santos perdeu ontem do Boca Juniors na primeira partida da final da Libertadores, no estádio "La Bombonera", por 2 x 0.
Pior que o Santos jogou bem, tranqüilo até demais, e ficou com a posse da bola a maior parte do tempo. Mas cometeu falhas imperdoáveis e acabou tomando 2 gols.
Agora precisamos de 2 gols de diferença para levar a decisão para os pênaltis, ou 3 gols para vencer.

Tem que jogar como nunca na quarta que vem no Morumbi, e enfiar uma sacolada naqueles argentinos.... melhor time o Santos provou ontem que tem. Resta agora não cometer erros bobos e fazer os gols que precisa.
Quem morreu? - Capítulo XXVII

- Eu não matei papai!

Arlindo gritava com a convicção dos inocentes, mas a detetive Vanessa estava impassível.

- Você vai explicar isso ao tribunal. Temos evidências mais do que suficientes para prendê-lo.

- Quais? Quais são as evidências? - perguntou, inconformado.

- Seu pai amanheceu morto, e tudo indica que foi envenenado. Sua mãe
percebeu logo no começo da manhã e nos chamou. Enquanto você dormia,
procuramos pistas pela casa e encontramos no fundo de sua gaveta de
cuecas o frasco de um veneno muito eficaz...

- Não pode ser! - interrompeu o encrencado Arlindo - Alguém colocou
isso lá para me incriminar!

Vanessa sorriu, com sua frieza habitual.

- Não adianta, Arlindo... É melhor confessar. Você não contava com
isso, mas seu pai, prevendo o seu trágico destino, escreveu uma carta...

A moça fez um sinal com os dedos e um dos assistentes entregou-lhe o
pedaço de papel. Vanessa prosseguiu.

- Estava no bolso do pijama de Ambrósio. Veja o que diz: "Se alguém
encontrou esta carta, provavelmente já estarei morto. O fato é que
recobrei minha memória. Arlindo, meu filho mais velho, foi o responsável pela
primeira tentativa de assassinato. Ainda não sei o que farei, mas como ele
pode tentar de novo, deixo registrada esta denúncia. Arlindo nunca me
perdoou por uma grande surra que lhe dei em sua adolescência, e nunca
me perdoou por gostar mais de Jeitosinha. Percebendo que eu finalmente
começava a me lembrar de tudo, passou a me ameaçar. Tenho medo de procurar a
Polícia. Aliás, como tornei-me um monstro, não faz tanta diferença estar vivo ou
morto. Tudo o que desejo é que, caso dê cabo de minha vida, o cruel
Arlindo seja punido"... Ambrósio assina a carta. É claro que ainda faremos um
exame grafotécnico...

- Não pode ser! Este bilhete é forjado! Você verá! - disse o
primogênito de Ambrósio e Marilena.

- Há ainda uma terceira pista. - completou Vanessa - Existe este copo,
encontrado ao lado da cama do seu pai, com resíduos do mesmo veneno
encontrado em seu quarto, dissolvido em suco de groselha. Nele, há
digitais de duas pessoas diferentes.

"Sim!", pensou Arlindo. "Agora eu entendo! Foi Jeitosinha! Ela me
serviu uísque, ontem, neste mesmo copo. Como ela usava luvas, só as marcas
de meus dedos estão no vidro!".

Em pânico, e tremendo de ódio, Arlindo apontou para a irmã:

- Foi ela! Ela é uma farsa! Um travesti maníaco e assassino! A senhora
ouviu, detetive, o próprio papai dizendo isso!

- Seu pai estava muito abalado. Este tipo de confusão é comum...
Mesmo sem querer, Jeitosinha era o pivô dos desentendimentos. Talvez por isso
ele a tenha visto em seu delírio. Agora... Que história é essa de travesti?
- Vanessa dirigiu a pergunta a Marilena.

- Arlindo está tentando confundi-la, detetive. - A mãe não perdeu a
chance de socorrer a filha naquele momento dramático.

- Quer comprovar? - Disse Jeitosinha, contando com a negativa de Vanessa.

- Não é preciso, querida. Sei bem como são os homens. Estão sempre tentando
encontrar algum defeito nas mulheres bonitas...

Vanessa dirigiu-se aos assistentes e ordenou:

- Levem-no. Vamos esperar o exame da letra no bilhete e das marcas no
copo. Você vai aguardar na cadeia o resultado, Arlindo. E caso se comprovem
as evidências, não sairá de lá tão cedo...

Debatendo-se e gritando, o cruel Arlindo foi recolhido ao camburão. Os
policiais deixaram a casa e Marilena finalmente demonstrou sua dor
num choro convulsivo. Na verdade sentia-se aliviada pelo fim de Ambrósio, mas
não se conformava com o fato de que um de seus filhos tivesse assassinado o homem.

- Jeitosinha... Porque Arlindo tentou incriminá-la?

- Você sabe que ele me odeia, mamãe...

Jeitosinha estava calma e segura. Beijou suavemente o rosto de Marilena e
foi para o quarto, já pensando no próximo ato de seu circo de horrores.
Lágrimas no hospital - Capítulo XXVI

Jeitosinha entregou ao pai uma caneta e um pedaço de papel.

- Assine esta folha em branco...

- M-mas... Filha... Você sabe que eu não tenho nenhuma posse...

- Apenas assine!

Meio vacilante, Ambrósio escreveu seu nome no papel.

- Pronto. Estou livre agora?

- Sim... - disse a moça, sorrindo sarcasticamente - Tenha bons sonhos...

Jeitosinha foi para seu quarto e esperou pacientemente que todos
voltassem para casa. A mãe, que sempre se envolvia nas atividades da Igreja,
voltou de uma novena. Os irmãos foram chegando, um a um, se amontoando em volta
da TV, como sempre faziam. Normalmente Arlindo, mais arredio, preferia ficar
lendo em algum canto da casa, até que todos se recolhessem. Era a hora em
que finalmente tinha a sala só para ele, e ficava zapeando os canais de TV.

No silêncio da madrugada, Jeitosinha aproximou-se de Arlindo, vestida como
uma Diva do cinema. O longo vestido negro, que exibia seus ombros e
expunha parte dos seios... a abertura lateral, por onde podia-se ver
furtivamente a longa extensão de sua perna esquerda... O par de luvas cobrindo os
braços até além do cotovelo... Tudo remetia a inesquecível Gilda.

Arlindo surpreendeu-se com a maturidade da beleza da irmã, que trazia
num copo uma dose de uísque on the rocks.

- Sabe, irmão, às vezes a felicidade chega até nós por caminhos
estranhos...

- O que você quer dizer? - espantou-se.

- Quero dizer que encontrei meu verdadeiro eu no bordel de Madame
Mary. E devo isso a você.

Jeitosinha sorveu um gole generoso de uísque e ofereceu o copo ao
irmão.

- Beba comigo. Vamos selar com esta dose de uísque a paz entre nós.
Arlindo pegou o copo com desconfiança. Mas a irmã acabara de provar
da bebida, descartando a possibilidade de que ela estivesse envenenada.
Nervoso, ele bebeu todo o líquido do copo, devolvendo-o à loira.

Jeitosinha pegou uma pedra de gelo e passou provocativamente no
pescoço e nos seios. Depois, debruçou-se sobre Arlindo, alisou sua coxa direita
e, tocando os lábios em seu ouvido esquerdo murmurou:

- Amanhã, irmão querido, todos nós começaremos uma vida nova...

A loira disse esta frase enigmática e se retirou. O cruel Arlindo
chegou a pensar que sua irmã estava tão desequilibrada quanto o pai. Mas logo
voltou a entreter-se com um filme barato de TV, antes de mergulhar em um sono
profundo.

No hospital público, Adenaíra abria os olhos:

- B-bruno... Pensei que tinha sido um sonho.

- Estou aqui. Estou te esperando... - A frase brotou sem nenhuma convicção.

- M-me esperando? - Perguntou a nova irmã de Jeitosinha.

- Sim. Você precisa lutar. Precisa superar esta doença. Vou estar ao seu lado.

- Oh, Bruno! Você vai me dar uma chance?

- O tempo dirá. Por enquanto, prometo-lhe apenas minha atenção e minha amizade.

- Você não sabe como este simples fio de esperança me deixa feliz! - Disse a moça,
já com uma certa luz no rosto pálido pela febre.

Na manhã seguinte, Arlindo acordou no mesmo sofá onde bebera com Jeitosinha.
Mas estava cercado por policiais e algemado. No comando da operação, a detetive Vanessa dirigiu-se a ele,
mostrando no semblante a realização pelo dever cumprido.

- Você está preso.

- M-mas... Eu não fiz nada! - Espantou-se o rapaz - Qual a acusação?

- Assassinato!

- Não! - O grito de Arlindo ecoou pela sala.
A conversa com os pais - Capítulo XXV

- Adenaíra contraiu uma gravíssima infecção hospitalar, filho...

Bruno ficou chocado com a notícia. O Adenair que conhecera era tão
alegre, tão saltitante... "Assim, adormecido e com esta touca, é incrível a
semelhança com Jeitosinha", pensou. Adenaíra abriu os olhos e viu
Bruno, ao seu lado, com as bandagens envolvendo a cabeça.

- O que houve, meu amor? - balbuciou.

- Nada, não se preocupe. Caí da escada - mentiu o rapaz, numa
tentativa de minimizar o sofrimento daquela recém mulher.

- E-eu... f-fiz isso por você, Bruno. Fiz por amor...

Os olhos de Adenaíra voltaram a se fechar.

- Doutor... Quais as chances? - perguntou o angustiado rapaz.

- Depende muito. Ela pode simplesmente se entregar à doença, e as
chances serão mínimas. Mas se ela se apegar a algo que a faça querer viver, e
se o antibiótico em estoque não for de Maizena, talvez ela tenha alguma
chance.

- É uma pena... Gostaria de poder ajudar.

- Você pode! - disse o médico - Ela o ama! Dê-lhe esperanças!

Bruno continuava perdidamente apaixonado por Jeitosinha. E o que é
pior: por Jeitosinha completa, versão de fábrica. "Se Adenair soubesse que seu
sacrifício ao realizar a cirurgia apenas aumentou o abismo entre
nós...", refletiu. Mas por outro lado, tentar salvar uma vida era motivação
suficiente para fazê-lo recuperar o amor pela sua própria existência,
depois da grande desilusão de encontrar a amada trabalhando num bordel. Via
como algo mais que uma simples coincidência o fato de que estavam juntos
num mesmo ambulatório.

- Tudo bem, doutor. Eu vou ajudar! - concluiu, conformado com aquele
jogo do destino.

Em sua casa, sozinho no quarto, Ambrósio tentava reorganizar suas
idéias. Será que foi mesmo vítima de Jeitosinha? E os homens verdes? Novas
imagens se formaram em sua mente depois do choque diante da detetive Vanessa.
Lembrava-se, remotamente, de uma linda menina loira, que ele amava muito.
Sim, talvez fosse Jeitosinha. Ele começava a se lembrar dela. Para preservar
sua sanidade, Ambrósio estava disposto a não associar a filha àquela cena
dantesca, e simplesmente esquecer o ocorrido.
Mas Jeitosinha não.
Aproveitando-se do fato de que estavam a sós na casa, a moça entrou
no quarto dos pais para conversar com o seu deformado genitor...

- Papai...

- J-jeitosinha? - Ambrósio ainda tinha uma ponta de medo na voz -
D-desculpe-me pelas acusações na sala. Minha cabeça não anda boa.

- Engana-se, velho sórdido. Sua cabeça anda melhor do que você pensa.

Ambrósio foi tomado pelo pânico! Aquele sorriso sarcástico e cruel!
Sim, não fora uma fantasia! Jeitosinha o havia mutilado com a moto-serra!

- Não! - Gritou o homem - Me deixe em paz! Socorro!

- Grite... Ninguém lhe ouvirá.

- Não me mate! - implorou, de joelhos, abraçando os pés da loira.

- Eu não seria tão imbecíl. Não agora, com aquela detetive
intrometida por perto. Mas eu lhe aviso: se repetir aquelas acusações para quem quer
que seja, não pensarei duas vezes antes de consumar o serviço que pensei ter finalizado...

- Sim, sim... - disse Ambrósio, patético, entre lágrimas - Serei um túmulo!
Mas... Por favor, me ajude... Ainda não sei se estou bem... Me lembro de algumas imagens
completamente surreais... Homens verdes e... e...

Jeitosinha sorriu maliciosamente, abriu o zíper expôs seu enorme mistério.

- Sim, Ambrósio. Pelo menos isto é real. Mas que história é essa de homens verdes?
Que idiota colocaria estúpidos homens verdes em nossas vidas, tão cotidianas?

O homem sacudiu a cabeça, confuso. Jeitosinha acariciou sua cabeça,
fazendo homem se encolher ainda mais.

- Vou deixar-lhe em paz por enquanto. Mas tenho um pedido, papai:
você me ajudará no meu próximo plano de vingança...

quarta-feira, junho 25, 2003

A volta de Ambrósio - Capítulo XXII

Marilena acordou em sua cama, e sua primeira visão foi Aníbal, um dos filhos
menos importantes, daqueles que só fazem figuração na trama.

- Anibal... Que sonho horrível... Pensei que seu pai...

- Não foi um sonho, mamãe. Ele voltou! A mulher gritou em total
desespero:

- Não pode ser! Não pode ser!

O filho estranhou a reação. Alheio aos problemas que infernizavam a vida de
Marilena, Adenair e Jeitosinha, sem saber que Ambrósio era a causa de muito
sofrimento, esperava da mãe uma manifestação de alegria.

- Mãe... Você não entende? O papai voltou! Meio caidaço, é verdade, mas está
vivo! Você deveria estar feliz! A mulher esboçou um sorriso forçado:

- Sim, meu amor. Claro. Foi só o susto. Claro que estou feliz.

Neste instante, já de banhozinho tomado e vestindo um velho e
confortável pijama, Ambrósio entra no quarto.

- Marilena...

- É você mesmo, Ambrósio? - perguntou a mulher.

- Estou tão deformado assim? Claro que sou eu!

Ambrósio não tinha na voz a rispidez habitual. Parecia fragilizado.
Sua fala era pastosa. Um canto da boca não se mexia e um fio permanente de baba
escorria rumo ao pescoço.

- O que aconteceu com você?

- Não me lembro. Não consigo me lembrar de muita coisa. Vaguei pelas
redondezas e aos poucos as memórias foram voltando... Nossa casa, você,
nossos filhos...

- E sobre o acidente que o mutilou?

- Nada. Não me lembro de nada. Só vejo uma cena estranha...
Assustadora e irreal. Não quero falar sobre isso.

Os olhos do homem transmitiam o pavor que lhe causava a simples
menção da cena. E a imagem que vinha à sua cabeça era a do travesti, loiro e nu,
empunhando uma serra elétrica.

No hospital público, Adenair acordava da anestesia.

- C-como foi a cirurgia, doutor? - perguntou ao homem de branco parado ao seu lado.
- Foi bem. Não consegui fazer um acabamento muito bom. Sabe como é, cirurgia plástica
é uma coisa complicada... Mas eu mesmo já vi muita vagina mais feia por aí! He...He...
- o médico amigo de Dona Nair insistia em seu humor infame.

- Meu pênis, doutor... O que vocês fizeram com ele? Mesmo detestando o que
ele considerava um corpo estranho, Adenair sabia que era um pedaço seu que
havia sido estirpado. E lhe assustava a idéia de que ele pudesse ter ido
parar numa cesta de lixo hospitalar...

- Fizemos um transplante. Ele agora pertence a um marombeiro adepto
do sexo bizarro, que perdeu o dele quando recebia carinhos orais de um pit-bull...

- Melhor assim! - Animou-se Adenair - quando recebo alta?

- Amanhã, se tudo correr bem. "Vai dar tudo certo", pensou o - ou melhor -
a jovem. "Vou virar uma linda mulher, como Jeitosinha, e conquistar o coração de Bruno!"

No seu apartamento, Bruno ainda olhava fixamente a arma. Sentia-se ultrajado, perdido, confuso e traído.
Mas não conseguia evitar que a imagem de sua loira amada lhe viesse à cabeça. "Onde ela estará agora?",
perguntava-se.

Mal sabia ele que Jeitosinha, naquele momento, abria a porta de entrada de sua casa para estar frente a frente
com o pai que matara!

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A reação de Ambrosio - Capítulo XXIII

Por trinta segundos, que pareceram uma eternidade, Jeitosinha e Ambrósio se
encararam fixamente. Ela vinha aprendendo no bordel de Madame Mary tudo
sobre a arte da dissimulação, e conseguiu camuflar o medo, a surpresa e a
confusão mental que lhe causava a imagem, ali na sua frente, do homem que assassinara.

A expressão de Ambrósio era inocente, quase infantil. O fio de barba intermitente continuava a banhar-lhe o queixo.
Com sua voz pastosa, após o constrangedor silêncio, ele perguntou:

- Quem é você?

Jeitosinha suspirou aliviada. Continuava sem entender o que havia acontecido. As marcas de cortes no rosto e braços de Ambrósio indicavam que ela realmente o havia ferido, mas talvez não tivesse consumado o crime, pensou.
Talvez tenha sofrido alguma espécie de alucinação durante o ataque com a serra-elétrica. Talvez Ambrósio tenha conseguido sair da casa, se arrastando. Mesmo assim, quem limpara o chão e os móveis?

Nada disso era tão importante quanto o fato de que o pai, talvez pelo choque de ter sido vitimado pela própria filha, não conseguia reconhecê- la.
"Deve ser algum tipo de defesa emocional", concluiu.

Muito mais desconfortável com a situação estava Arlindo. Seu plano de explorar a irmã se esvaziara, em parte, com a reação do pai ao vê-la.
Se Ambrósio não reconhecia Jeitosinha, e havia perdido sua índole opressora, o que a irmã teria a temer?

De fato, a moça não tinha mais nada a perder. Depois da decepção com seu amado Bruno, e todas as emoções que tomaram sua vida de assalto, o futuro se configurava diferente. Ela trocou olhares com Arlindo. Sorriu, superiora, e ele entendeu o recado. Jeitosinha estava livre de sua influência maligna mas, curiosamente, não pensava em abandonar o bordel de Madame Mary.

A misteriosa mulher - que ela mal vira e que não poderia reconhecer sob a máscara - de alguma maneira fez com que recuperasse sua auto-estima.
Na casa de encontros a aceitavam como ela era. E agora havia ainda Laura Croft, a linda ruiva que havia despertado estranhas emoções em Jeitosinha. Ela vinha, aliás, fazendo um esforço sobrehumano para esquecer Bruno, e tentava se apegar à emoção daquela tarde de prazer como se residisse ali a sua salvação.

Se Jeitosinha agora via o bordel como uma benção, isso não significava que ela perdoava Arlindo. Ao contrário, havia planejado para o irmão uma terrível vingança... "Quanto aos pais, o próprio destino havia se encarregado da punição. Ambrósio era agora um ser desprezível, débil e deformado. E sua mãe, que presa a suas convenções sociais jamais encararia a separação, estava condenada a aturar aquele ser repugnante pelo resto de suas vidas.

Jeitosinha estava imersa neste tipo de reflexão quando alguém bateu à porta.
Arlindo foi atender e deparou-se com uma morena exuberante, de mais ou menos
trinta anos. Ela tinha cabelos negros e lisos, à altura dos ombros. Os olhos
de um azul cristalino contrastavam com a pele clara. Mostrando um distintivo
ela se apresentou:

- Sou a detetive Vanessa, da Polícia Civil. Vim investigar o desaparecimento de Ambrósio.

Todos na casa, inclusive o próprio Ambrósio, trocaram olhares surpresos.

Do outro lado da cidade, o angustiado Bruno toma sua decisão. Virando a arma em direção à própria cabeça, ele finalmente aperta o gatilho.

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Ele morreu? - Capítulo XXIV

A detetive Vanessa sentou-se no sofá que outrora estivera coberto pelo sangue de Ambrósio. Acendeu um cigarro e cruzou lentamente as pernas, numa cena que lembrava Sharon Stone em "Instinto Selvagem".

- Creio que você chegou tarde... - apressou-se em explicar Marilena - Meu marido já voltou.

- Ele é o Ambrósio? - Espantou-se Vanessa, sem conseguir esconder sua expressão de asco - E o que ou quem fez isso a ele?

- Ainda não sabemos - disse Arlindo.

- Com certeza foi algum acidente... - emendou Jeitosinha, um pouco nervosa.

A experiente Vanessa percebeu o ambiente pesado do lar. "Aqui, com certeza,
se escondem grandes segredos", pensou. Fascinada por seu ofício, naquele
momento a bela detetive soube que não teria sossego enquanto não desvendasse
cada detalhe do que já chamava de "Caso Ambrósio".

- Conte-me, meu bom homem. Quem lhe feriu?

Ambrósio tremeu à simples lembrança de fragmentos da cena, que ele sequer conseguia verbalizar.

- N-não me lembro. Não quero saber. Eu estou bem.

A mulher tocou Ambrósio carinhosamente.

- Procure se lembrar... Estas marcas... Foi, sem dúvida, uma arma cortante.
Talvez uma lâmina grossa... Uma serra...

- Não! - Ambrósio enconlheu-se, em pânico, protegendo a cabeça com as mãos...

Jeitosinha sentiu um arrepio na espinha. E se o pai recobrasse a memória?

A detetive Vanessa continuou seu trabalho. - Procure se lembrar... Uma pessoa, uma imagem...

Ambrósio subitamente silenciou-se. Com os olhos fixos na linda policial exclamou baixinho:

- Sim... Eu me lembro de algo. Sim!

- O que? O que? - A excitação de Vanessa era quase sexual.

- Foi ela! Foi ela! - gritou, apontando para Jeitosinha.

-É mentira! - Gritou Jeitosinha.
-Cale-se! Deixe o homem concluir seu relato! - disse a detetive. E voltando-se para Ambrósio:

- Diga, senhor... Ela fez isso com você. E depois?

- Depois homens verdes, numa nave espacial me trouxeram de volta à vida!

A policial sorriu, constrangida, e abraçou o fragilizado Ambrósio.

- Homens verdes? É uma alucinação, sem dúvida... Por hoje é só. Mas me aguardem. Vou continuar as investigações.

Jeitosinha sentiu-se mais leve. Marilena e Arlindo olharam para o pai e para a loira, com expressões indecifráveis.

Longe dali, a primeira coisa que Bruno viu foi uma luz branca e intensa. O
rosto de Jeitosinha sorria para ele, emoldurada por centenas de pênis de
todos os tamanhos e formas. - Estou na paraíso! - sussurrou.

Mas o delírio foi interrompido pela penetração contundente de uma agulha de
injeção. De olhos abertos, o confuso rapaz viu um homem de roupa alva,
parado ao lado da cama de hospital onde estava deitado.

- Você nasceu de novo, filho. A bala acertou de raspão a sua fronte.

- O-onde estou?

- No ambulatório de um hospital público.

Bruno percorreu o lugar com os olhos e não acreditou no que viu. Com uma
touca cobrindo os cabelos, adormecida na cama ao lado, encontrava-se ninguém
menos que sua amada.

- Jeitosinha! - Exclamou.

- Só se for nome de guerra... - corrigiu o médico - Ele chegou aqui como
Adenair e agora é Adenaíra...

- Adenaíra? - espantou-se.

- Sim... Ele submeteu-se ontem a uma cirurgia para mudança de sexo.
Mas talvez nunca aproveite sua nova anatomia...

- Porque doutor? Porque doutor? O homem tomou um longo fôlego antes de
explicar a Bruno o drama do ex-irmão, agora irmã, de Jeitosinha.

terça-feira, junho 24, 2003

São ou não são...?? - Capítulo XIX

- Bruno, eu sempre te amei...

A declaração de Adenair, um desabafo cuspido pelo seu coração
angustiado, deixou o sofrido namorado de Jeitosinha perplexo.

- Não, Adenair... Não é possível! Você é...

Como completar a frase? O que era Adenair? O que era Jeitosinha? Quem
era ele? Quantas certezas jogadas fora! Quanta boiolice repentina,
transformando sua vida num filme de Almodóvar!

- Durante muito tempo sofri em silêncio. Achei que nunca teria
coragem de me expor. Mas desde que soube da condição de Jeitosinha, e percebendo
que você ainda gosta dela, vi que por mais difícil que seja, meu sonho não é
impossível. Me dê uma chance! Você vai me amar também!

- Você não entende, Adenair? Jeitosinha é diferente! É uma mulher
quase completa!

- Não tente se enganar, Bruno... - respondeu - Será que no fundo do
seu coração você não tinha a percepção de quem ela realmente era? Você
pode afirmar com certeza que é heterossexual?

Ainda traumatizado pela experiência recente, Bruno percebeu que talvez
Adenair tivesse razão. Mas ele não se sentia apto a penetrar o lodo
de suas emoções. Reagiu rejeitando, com convicção a hipótese de que fosse gay.

- Sim, Adenair. Sou heterossexual. Aliás estou farto de tanta farsa e
dissimulação. Quero encontrar uma mulher de verdade, que não me
surpreenda com nenhum protuberância antinatural!

Bruno deixou para trás um Adenair magoado e arrependido. Sabia que
desejava muito aquele homem, sentia-se mal por tê-lo provocado com palavras e
estava disposto a qualquer sacrifício para tê-lo ao seu lado.

- Você quer uma mulher de verdade, Bruno? - murmurou para si mesmo,
já que o homem se afastara em passos rápidos - Pois eu serei uma. A mais bela,
completa e exuberante que você já viu!

Adenair dormiu pouco aquela noite. Na manhã seguinte, procurou a
velha dona Nair, parteira e amiga da família. Sem constrangimento, o rapaz
contou à mulher o seu drama e lhe fez um pedido inusitado:

- Preciso mudar de sexo. Preciso me tornar uma mulher. Mas não tenho
dinheiro, dona Nair! Por favor, me ajude!

A velha coçou sua cabeça grisalha.

- Sei lá, menino... Nem cesariana eu consigo fazer, quanto mais
extrair uma bingola.

Adenair cobriu o rosto e chorou convulsivamente.

- Mas eu conheço um médico que atende pelo SUS...

Os olhos do rapaz subitamente brilharam de esperança:

- Me leve até ele! Me leve até ele!

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Troca de sexo pelo SUS - Capítulo XX

A casa de Jeitosinha era cenário de tempos estranhos. O
desaparecimento do pai parecia preocupar sua mãe e irmãos,
mas a loira quase perfeita tinha outras atribulações.

Quem havia escondido o corpo de Ambrósio e apagado as pistas do
assassinato?
Quem havia telefonado a Marilena, fazendo-se passar pelo morto?

Jeitosinha não havia se esquecido de sua vingança. Aliás, também
incluira Arlindo na lista de desafetos. Mas o desfecho insólito de seu
primeiro crime acabara inibindo-a . Era preciso esperar o momento certo. A
prioridade era entender tudo aquilo. E, como se não bastassem tantas reviravoltas do
destino, havia a decepção com Bruno, a descoberta da própria
sexualidade, os encantos misteriosos da casa de Madame Mary...

Enquanto Adenair procurava, no maior hospital público da cidade, o
médico indicado por dona Nair, Jeitosinha voltava ao bordel para uma reunião
com a nova patroa.

Madame Mary fez uma longa explanação sobre a arte do prazer, uma
espécie de preparação teórica para o que viria depois. A expectativa de colocar
em prática aquela técnica apurada excitava Jeitosinha.

Ao término do encontro, encaminhava-se para a porta de saída quando
sentiu dedos suaves tocando seu ombro.

- Oi. Você é nova por aqui? - perguntou uma linda ruiva de sorriso sedutor.

- Sim... - respondeu, timidamente - Mas ainda não estou trabalhando...

- Ah... É a nova pupila de Madame Mary... Está gostando da preparação?

- Bem... - disse Jeitosinha - É tudo muito excitante, mas não vejo a hora de entrar em ação.

A ruiva apertou suavemente a cintura da loira e, olhando no fundo dos olhos de Jeitosinha, propôs:

- Talvez possamos começar agora...

A resposta teve uma ponta de ironia:

- Cuidado, querida. Você pode se surpreender com o que vai encontrar...
- Adoro surpresas! - emendou a loira, já puxando Jeitosinha pela mão até um quarto próximo.

A poucos quilômetros dali, um médico de barba por fazer e jaleco puído conversava com Adenair.

- Bom, você sabe que o SUS não cobre este tipo de operação. Mas posso dizer no prontuário que
trata-se de uma extração de apêndice. Aliás, não deixa de ser verdade... - disse o homem, rindo de sua própria piada.

- Eu nem sei como lhe agradecer...

- Tudo bem... Eu jamais teria aprendido obstetrícia sem a ajuda de dona Nair. Será uma forma de retribuir o favor.

A operação de mudança de sexo foi marcada para o dia seguinte e Adenair voltou para casa em passos lépidos.

No bordel, Jeitosinha vivia mais uma forte emoção: sua primeira vez com uma mulher.
E deliciava-se com a descoberta das inúmeras possibilidades de interação entre o côncavo e o convexo, tantas vezes cantadas pelo Rei
Roberto...

**********************************************
Bilhete de Adenair - Capítulo XXI

O sol despencou no horizonte tingindo o céu de vermelho. A silhueta
perfeita de Jeitosinha, seus longos cabelos loiros, seios voluptuosos, coxas
grossas e bumbum empinado, recortados pelo céu do entardecer, eram uma visão
idílica. A moça coçou o saco e cuspiu no chão.

- Pôrra, mais essa agora. Achei muito bom ser homem... - resmungou, no
jardim florido da casa de Madame Mary, ainda sentindo na boca o gosto de sexo.

Da janela, a ruiva que havia sido possuída por Jeitosinha, cujo nome de guerra era Laura Croft,
suspirava diante da visão do mais radiante e sensual ser humano que já havia conhecido.
E olha que ela já tinha transado com uns três maracanãs lotados.

Em seu apartamento, do outro lado da cidade, o angustiado Bruno olhava
fixamente o revólver que empunhava. Acabar com a própria vida parecia
ser a solução mais plausível para conseguir um pouco de conforto.

Na casa de Jeitosinha, Um fio de lágrima escorria pelo rosto de Marilena
enquanto ela lia o bilhete deixado por seu filho Adenair:

"Querida mamãe, sem a presença opressora de papai, não vejo mais
razão para negar minha própria natureza. A verdade é que, embora na teoria tenha
dado à luz sete varões, na prática a senhora tem duas filhas. Me sinto tão mulher
quanto Jeitosinha. Não tive, como ela, o privilégio de desfrutar da condição
feminina, mesmo que por alguns anos de ilusão. Mas estou disposta a recuperar
o tempo perdido. Amanhã terei extirpado de mim, definitivamente, a minha masculinidade.
Quero ser uma mulher total. Então vou poder conquistar o coração de Bruno, me casar com ele
e até ter dois filhos: Claudney Felipe e Luana Piovani Aparecida. Beijos. Adenaíra"

As pernas da sofrida mulher não conseguiram sustentar o peso do corpo. Sentada no sofá,
amassando a pequena nota entre os dedos, Marilena pensava em como sua vida havia se transformado em questão de dias.

- Meu Deus... O que poderia ser pior? - Perguntava-se, em voz alta.

Neste momento um homem sujo e deformado, metido em roupas fétidas, mancando e babando, abre abruptamente a porta.

- Querida, cheguei!

segunda-feira, junho 23, 2003

Veja o que acontecia no mundo quando vc nasceu.
Surpresa - Capítulo XVI

Bruno havia bebido a tarde inteira, buscando no álcool a coragem
necessária para por a prova sua masculinidade. Por isso mesmo, a imagem de
Jeitosinha, naquele bordel de luxo, observando-o em pleno ato de amor com um
travesti, pareceu uma alucinação ou um sonho.

- Amor... Não é nada disso que você está pensando! - disse o rapaz,
sem muita inspiração.

Depois, recuperando a sobriedade, foi tomado por um tipo diferente de
perplexidade.

- Mas... Espera aí... O que você está fazendo aqui? - perguntou Bruno
à sua amada, enquanto a prostituta, prevendo o barraco, saia de fininho.

Cheia de revolta, Jeitosinha disse a primeira coisa que lhe ocorreu
para ferir Bruno:

- O que lhe parece? Pelo visto você prefere as morenas... Mas nós,
loiras, somos muito boas na arte de enlouquecer os homens...

- Não pode ser, meu amor... Diga que é um sonho... Me belisca para eu
sentir dor e acordar!

- Depois do que eu vi pela fresta da porta, tem certeza de que não
tem nada doendo aí? - Alfinetou jeitosinha, cheia de ironia.

- Não! Você não! Não pode ser! Não pode ser! Bruno puxava os próprios
cabelos com violência e rolava pelo chão num desespero patético.
Jeitosinha apenas jogou os cabelos longos para o lado, com aquele gesto superior
com que as loiras costumam descartar os simples mortais, e retirou-se do ambiente.

Seu coração por dentro estava em frangalhos, mas o que Bruno viu foi a
imagem de uma mulher fria.
Com passos precisos e a elegância de uma modelo, Jeitosinha
atravessou o corredor e voltou ao escritório de Madame Mary. Lá dentro, tombou de
joelhos e começou a chorar.

- Não pode ser, Madame Mary... Meu amado, Bruno... Um homem tão puro e
íntegro... Aqui! Com aquela... aquela... - a certeza de que não era tão
diferente da exótica morena impedia Jeitosinha de achar a palavra certa.

- Os homens são todos iguais, minha criança - disse Mary, acariciando
a loira. Uns animais capazes de qualquer coisa por um momento de
luxúria. Eles nunca saberão o que é o amor verdadeiro. É justamente isso que torna
tão fascinante a nossa arte de sedução...

Jeitosinha levantou os olhos e, agarrando-se às pernas da misteriosa
mulher, implorou:

- Ajude-me, Madame! Ajude-me a ser como você!

- Claro, querida... Claro....

Madame Mary sabia que tinha nas mãos um diamante em estado bruto. Um
diamante pronto para ser lapidado na dor de um coração partido.

A maioria dos leitores que nos escreveram sobre o Folhetim acham que os ETs
não têm nada a ver com a história. Eles ainda vão terminar o que começaram,
depois vão embora para sempre...

Não perca mais um emocionante capítulo da novela mais absurda Internet
brasileira!

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Bye bye ETs - Capítulo XVII

Condenados a sair da história pelos leitores deste folhetim, que
entupiram nossa caixa de e-mails com pedidos neste sentido, os ETs finalmente se
preparam para voltar ao seu planeta ameaçado.

- O que você andou fazendo a tarde inteira? - Perguntou um dos
membros da equipe ao chefe da expedição, um cientista brilhante em seu mundo.

- Nada demais... Encontrei os restos de um humano esquartejado e, só
para me distrair, o trouxe de volta à vida... - disse, apontando uma figura
no canto do laboratório.

Toda a tecnologia dos homenzinhos verdes não foi suficiente para
impedir que, visualmente, o resultado final ficasse sofrível. Mas era possível
reconhecer, naquele homem repleto de cicatrizes, as feições de Ambrósio.

- Ele recuperou a memória e a razão?

- Está um pouco confuso ainda... - disse o cientista. - Talvez nunca
volte a ser o que era antes, mas foi divertido brincar de de Deus e inverter
a ordem natural das coisas, antes de deixar definitivamente este mundinho
atrasado.
Sabe-se lá o que este monstro fará nesta sua volta à vida...

A nave deixa o homem à beira da estrada deserta e levanta vôo rumo ao
infinito.

Não muito longe dali um cabisbaixo Bruno faz seu caminho de volta
para casa, ainda entorpecido pela descoberta de que sua doce Jeitosinha era uma
garota de programa.

Como se não bastasse, sentia a confusão mental causada pela percepção
de que sua experiência com o travesti no Bordel foi totalmente inconclusiva.
Até o momento em que Jeitosinha interrompeu o ato sexual, ainda não havia
encontrado prazer. Mas era difícil saber como a coisa iria terminar.
Bruno não tinha pressa para chegar a lugar nenhum. Precisava pensar
e, talvez involuntariamente, acabou passando em frente à casa de Jeitosinha.

Sentiu um nó no coração ao ver a janela do quarto da moça. Saudades
de um passado perfeito e uma profunda revolta por sentir que um futuro
feliz havia sido abortado.

- Bruno?

Por um momento pensou ser Jeitosinha, mas a voz que vinha da varanda
escura da casa era mais grave.

- Adenair?

- Sim... - disse o suave irmão da loira, aproximando-se. - Você não
parece bem... Quer conversar?

Bruno encarou Adenair. Ele nunca havia percebido o quanto o rapaz se
parecia com Jeitosinha!

- Não creio que você possa me ajudar...

- Talvez eu possa... - respondeu o moço, com a voz tremula de emoção e
desejo.

Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será? E Ambrósio? Vai querer
vingança?
Não perca, amanhã, capítulo inédito!

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Será que Bruno e Adenair são...? - Capitulo XVIII

Ambrósio não conseguia se lembrar exatamente quem ele era. Imagens
confusas de um travesti loiro com uma moto-serra lhe vinham à mente, enquanto
ele reconhecia alguns trechos do caminho. Acabou chegando até a porta de
sua casa, mas não teve coragem de entrar, especialmente porque não tinha
a menor idéia de que lugar era aquele.

Viu que dois homens jovens conversavam, sentados num banco da
varanda. O dia estava quase nascendo. Do outro lado da rua, Ambrósio reconheceu algo
de familiar naqueles rostos.

Mas quem seriam? Aliás, quem seria ele mesmo? O homem subitamente
percebeu que sequer podia lembrar-se de sua própria face. Procurou algum vidro
ou espelho onde pudesse se ver refletido. Numa grande e quieta poça de
água, viu sua cara monstruosa.

Com um grito aterrador correu rumo a um matagal próximo. Estava
confuso e com medo.

Bruno e Adenair ouviram o grito, mas não deram muita importância.

- Você pode se abrir comigo, Bruno. Sei tudo a respeito de Jeitosinha.

- Tudo? - surpreendeu-se.

- Sim... Ela é uma vítima, tanto quanto você...

Pelo comentário, Bruno percebeu que talvez Adenair não soubesse que a
irmã era uma prostituta. "Se ela conseguiu me enganar, porque não
enganaria o irmão?", perguntou-se. Tombando diante da pressão, Bruno chorou
convulsivamente.

Adenair puxou-o em direção ao peito, abraçando-o e acariciando seus
cabelos. Bruno pôde perceber que o toque e o suave perfume do rapaz lembravam
muito os de sua irmã. Sentiu-se confortável por alguns minutos.
Enxugando as lágrimas, Bruno viu bem de perto os olhos de Adenair,
tão parecidos com os de Jeitosinha. Só então deu-se conta de que algo
estranho acontecia ali: o apoio que estava recebendo, mais físico e mudo do
que um simples diálogo, não é comum entre os homens.

- Adenair, porque você me abraçou deste jeito? - perguntou, temendo a
resposta.

Num matagal a poucos metros, Ambrósio começava a se dar conta de quem
era. Talvez por um bloqueio, causado pela morte violenta ou pelo processo
utilizado para trazê-lo de volta à vida, não associava o travesti loiro à
sua amada Jeitosinha.

Mas já sabia que ele era o chefe daquela casa que reconhecera, e que
estava deformado por alguma terrível razão, a mesma pela qual sentia-se
impelido a manter-se escondido.

Na varanda da casa, Adenair começava sua revelação. Cada palavra
pronunciava doía como um parto.

- Bem, Bruno... Também tenho um segredo...

Será que Bruno e Adenair... hmmm... Será? E Ambrósio? Vai querer
vingança?
As perguntas são as mesmas de ontem, provando que não é só a novela
das oito que enrola a gente...
Não perca, amanhã, capítulo inédito!
Bom inverno pra todos!
Eu já garanti minha gripe.... :-(

quarta-feira, junho 18, 2003

Capítulo XIII - Reconciliação de Jeitosinha e Bruno

A família finalmente percebeu que Ambrósio estava desaparecido. Ele
não havia voltado da pescaria nem dado sinal de vida. Marilena chamou a
Polícia, que pareceu não dar muita importância à ocorrência. Os dois
policiais fizeram poucas perguntas, anotaram um boletim de forma
burocrática e se foram em poucos minutos, levando uma foto do homem.

Jeitosinha chegou em casa quase na hora do almoço. Os irmãos não
perceberam que ela passara a noite fora, mas sua mãe sim.

- Onde você estava? - Perguntou. Jeitosinha ignorou a abordagem.

- Sorte sua seu pai não estar por aqui. Ele não ia gostar disso... -
insistiu Marilena, com um tom seco de reprovação na voz. A resposta da
filha foi carregada de ironia:

- O que poderia preocupá-lo, mamãe? O risco de que eu perca a
virgindade ou volte grávida para casa?

Marilena tentou acariciar o cabelo da filha, que afastou sua mão com
um gesto brusco.

- Não me encoste! Eu odeio você! Um fio de lágrima escorreu pela face
esquerda da sofrida mãe.

- Querida... Você é tão jovem... Tem uma vida pela frente! Ainda há
tempo de encontrar a felicidade...

- Como eu poderia ser feliz? Eu sou uma mulher aprisionada no corpo
de um homem!

- Veja o lado positivo... - tentou consertar Marilena - Você não tem
tensão pré-menstrual, não precisa sentar-se em privadas sujas de boate...
Mantenha a calma e a resignação. Você ainda encontrará algum homem que a
aceite como você é!
"Sim", conjecturou Jeitosinha. "Este homem talvez seja Bruno. Mas
como ele estará se sentindo depois de nossa estranha noite de amor?". Ela
pensou durante todo o dia no seu amado, reunindo forças para enfrentar sua
primeira noite no bordel de luxo.

Curiosamente, a expectativa de entregar-se a estranhos não a
incomodava. Desde a revelação de sua condição, ela não se reconhecia naquele
corpo. Não sentia que tivesse que zelar dele.

Eram nove da noite quando Jeitosinha entrou no fusca de Arlindo, rumo
à casa de encontros. O local ficava próximo, mas era preciso percorrer
um pequeno trecho numa estrada pouco movimentada.

Justamente quando passavam pela parte mais escura e deserta do
percurso, uma luz surgida do nada cegou momentaneamente Arlindo, impedindo-o de
dirigir. O rapaz pisou no freio abruptamente. Antes que pudessem esboçar
qualquer reação, as duas portas do carro foram abertas, e o casal foi retirado de dentro
do veículo por mãos poderosas.

Pouco antes de tomar uma descarga elétrica que a faria perder os
sentidos, Jeitosinha pôde ver a face de seus raptores: eram homenzinhos verdes
vestindo estranhos macacões prateados.

Jeitosinha e Arlindo nas mãos de ETs!
Confira amanhã o próximo e emocionante capítulo!

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Jeitosinha e Arlindo nas mão dos ETs - Capítulo XIV

Lentamente Jeitosinha foi recuperando a consciência. Nos primeiros
minutos, aquele cenário de ficção científica parecia apenas um sonho estranho.
Mas à medida em que as imagens ganharam contornos e cores - e que aflorou
em sua mente a lembrança dos últimos momentos no carro - um indescritível
pânico tomou conta de nossa heroína.

Seu grito agudo acordou Arlindo que, como ela, encontrava-se atado a
uma chapa metálica, quase verticalmente.

A sala estava deserta mas, minutos depois, duas das criaturas verdes
entraram no ambiente.

Mesmo sendo de uma espécie muito diferente, Jeitosinha sentiu que
aqueles seres estavam muito tristes. Seus enormes olhos revelavam esta
condição.
Usando um estranho aparelho, que acoplado à boca do extraterrestre
funcionava como um tradutor, a criatura que parecia liderar as demais
dirigiu-se ao casal.

- Creio que lhe devemos explicações...

Jeitosinha e Arlindo estavam paralisados pelo medo. O homem verde
continuou:

- Meu planeta está passando por uma crise terrível. Construímos uma
civilização poderosa e avançadíssima. Controlamos todo a nossa
galáxia, mas estamos condenados à extinção.

Os rostos curiosos dos irmãos não moviam um só músculo, enquanto o ET
narrava sua história.
Ele explicou que, por um capricho da biologia que a ciência não
conseguiu contornar, estava nascendo em seu planeta um número infinitamente
inferior de mulheres, numa comparação com o número dos homens. Pelos cálculos
dos cientistas, em não mais que quinhentos anos seu povo terá desaparecido, a
não ser que se encontre uma alternativa para se reverter o quadro.

- Numa análise superficial - continuou a criatura - percebemos que
talvez fosse possível utilizar as terráqueas para gerar nossos filhos. Se a
idéia se confirmasse, nossa intenção era a de exterminar todos os homens e
levar conosco as mulheres. Minha missão veio à Terra com o propósito
específico de, analisando a anatomia femina, abortar ou autorizar a operação.

O homem verde deixou-se desabar numa cadeira, vencido pelo desânimo.

- Mantivemos você sedada por seis horas - disse, dirigindo-se a
Jeitosinha - e descobrimos, depois de estudá-la, que a máquina humana é muito mais
complexa do que esperávamos. Vocês, mulheres terráqueas, são bastante
parecidas com os homens.

Jeitosinha esforçou-se para não demonstrar sua enorme alegria: ao ser
confundida com uma mulher, sem querer ela havia salvado a raça humana
da destruição total!

- Vamos libertá-los e partir atrás de outros mundos. - Encerrou o ser.

Já de volta ao carro, ainda atônita por aquele turbilhão de emoções,
Jeitosinha abraçou seu irmão e inimigo:

- Você entende, Arlindo? Minha vida tem um sentido! O que são nossas
rusgas do dia-a-dia diante desta experiência tão avassaladora?

Arlindo afastou Jeitosinha e esboçou um sorriso pálido.

- É, irmã. Foi bom. O dia está nascendo e devemos voltar para casa.
Mas como a vida continua, amanhã você estréia no bordel.

O que estes ETs vieram fazer na história? Será que se foram da mesma
forma estúpida com que entraram?
Confira amanhã o próximo e emocionante capítulo!

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ETs na história? - Capítulo XV

O júbilo de Jeitosinha durou pouco. Se num primeiro momento a idéia
de ter salvo a humanidade era alentadora, horas depois o que a fantástica
experiência lhe causava era mais revolta e dor.

De que adiantava ter salvo o mundo, se não obteria pelo seu ato
qualquer tipo de reconhecimento? Para o restante da humanidade, ela continuava
sendo aquele ser anacrônico, discriminado por fugir dos padrões.

Só uma pessoa na cidade estava se sentindo mais angustiado: Bruno.

Num bairro distante, trancado em seu apartamento, o pobre rapaz
refletia sobre a grande - bota grande nisso - emoção que sentiu em sua
primeira noite de amor com Jeitosinha.

"Será que eu gostei porque era a minha amada?", perguntava-se. "Ou
será que tamanho prazer adveio do fato de que tratava-se de um homem? Sou
hetero ou gay?".

- Quem é você? - Gritou Bruno angustiado, olhando sua imagem no
espelho.

Sentia-se sujo. Seus desejos o incomodavam, como se ele tivesse
experimentado a fruta do pecado.

Mas sabia que Jeitosinha era uma vítima, como ele. Ele podia entender
que a namorada era um modelo de virtude e pureza, e que seu gesto, ao
seduzi-lo, era apenas uma grande manifestação de amor!

Por um momento, olhou para o problema sob outra perspectiva, muito
menos dramática: "Sim, Jeitosinha é pura. É a minha Jeitosinha. Em nome
desta pureza vale a pena continuar com ela!", concluiu.

Se ela fosse um travesti vulgar... mas não! Ela foi criada como uma
mulher, sob rígidos padrões morais! Quem sabe eles ainda pudessem ter uma vida
juntos, mantendo a condição de Jeitosinha em segredo?

Num fragmento de sonho, Bruno se viu casado com ela, vivendo grandes
noites de amor e criando duas crianças adotadas - Cléverson Luís e Suelen
Aparecida - como se fossem seus filhos biológicos. Pensou em procurar a sua
doce amada naquele mesmo momento e propor a realização do casamento, tão
desejado em tempos menos complicados.

Mas antes precisava enfrentar seu próprio demônio interior. Precisava
saber se o que sentiu naquela noite mágica foi amor ou pura volúpia.
Precisava, enfim, fazer amor com outro travesti e colocar-se à prova!

Bruno resolveu que aquela noite iria a um bordel atrás de respostas.
Iria buscar reviver, com uma vulgar criatura da noite, emoções tão... hã...
grandes quanto as que viveu com sua inocente Jeitosinha.

Mal poderia imaginar a grande surpresa que o esperava...

Confira amanhã o próximo e emocionante capítulo!
Pretensões de Arlindo - Capítulo XII
Jeitosinha não acreditava no que acabava de ouvir. Desde a revelação
de seu trágico segredo, sentia-se num pesadelo sem fim. Não bastasse todo o
ódio em seu coração, o estranho desfecho da morte do pai e a perda de
Bruno, seu amado, agora a nossa heroína era chantageada pelo cruel Arlindo!

- Você quer que eu me prostitua?

- Sim. - concordou o irmão, sem um pingo de emoção na voz - Existe um
bordel de luxo aqui perto de casa... Pessoas exóticas como você podem
ter um bom valor no mercado.

- M-mas... Eu sou virgem! Sou inocente! - retrucou Jeitosinha, aos
prantos.

- Pois você tem até amanhã para aprender o que precisa.

Arlindo deixou o quarto da loira batendo a porta. Adenair entrou em
seguida, curioso em saber o que acontecera. Jeitosinha contou
resumidamente a história.

- Mas não pode ser! Você precisará matá-lo também! - reagiu o
enrustido, batendo o pezinho nervosamente.

- Sim, mas não poderei fazê-lo agora. Não com o estranho
desaparecimento do corpo de papai. Precisamos desvendar primeiro este mistério. - disse
Jeitosinha, recompondo-se.

- Então você...

- Não resta outra alternativa, Adenair. Terei que me submeter aos
caprichos de Arlindo. E pode ter certeza: estarei mais pronta amanhã do que ele
pensa!

*****

Pela primeira vez desde o rompimento, Jeitosinha voltou àquela noite
ao apartamento de Bruno. Encontrou-o em estado de total desespero,
sorvendo doses e mais doses de uísque barato.
"- Você destruiu a minha vida! - Lamentou o jovem.

A loira, usando um vestidinho curto, sentou-se no seu colo. Numa
explosão de luxúria, enfiou a língua na boca de Bruno, antes que ele pudesse
esboçar qualquer reação.

Num primeiro momento ele retribuiu ao carinho, mas logo lembrou-se de
que estava beijando um homem. Rejeição e desejo se sucediam em ondas no
coração de Bruno. Mas ele havia bebido bastante e amava Jeitosinha...

No dia seguinte, consumada uma louca e completa noite de amor, a loira
acordou e viu Bruno, de pé, contemplando-a . Ela abriu um sorriso,
mas não foi retribuída.

- Você é tão bonita... - murmurou o rapaz, com um semblante que mais
sugeria um lamento que um elogio.

- O que você achou da noite, meu amor?

- Eu... Eu estou confuso... Foi tudo muito diferente... Me vi fazendo
coisas que nunca imaginei ser capaz...

- Calma amor... - respondeu docemente Jeitosinha - Sente-se aqui ao
meu lado. Vamos conversar melhor sobre isso...

- Bem... - respondeu Bruno, com um sorrisinho sem graça - podemos até
conversar. Mas sentar eu não consigo...

Jeitosinha e Bruno irão se reconciliar?
Confira amanhã, no próximo e emocionante capítulo!
Olá caros(as) leitores(as),
Hoje vou publicar o capítulo que deveria ter ido ao ar ontem (capítulo XII).
E, atendendo a pedidos, a partir do capítulo XIII os episódios de Jeitosinha mas Vagabunda passarão a ser exibidos de 3 em 3.

segunda-feira, junho 16, 2003

Jeitosinha mas Vagabunda - Capítulo XI - Revolta de Arlindo

- Você nunca me enganou, Jeitosinha... - A voz de Arlindo destilava
revolta e ódio. - Vou contar seu segredo ao papai, assim que ele voltar da
pescaria! Aliás, vou contar ao mundo!

- Contar ao papai? - Espantou-se a moça. Então Arlindo não sabia que o
pai estava morto! Não foi ele quem escondeu o corpo!

Jeitosinha estava tão fragilizada que acabou assumindo sua bizarra
condição ao irmão.

- Sim, Arlindo. Sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem. Mas sou
a maior vítima desta situação! Eu lhe imploro: não revele o meu segredo!

- Não adianta, Jeitosinha... - retrucou o magoado Arlindo - Toda a minha
vida brinquei com cavalinhos feitos de palitos de fósforo fincados em
batatas, enquanto a princesa tinha os mais caros brinquedos. Toda a
minha vida dormi espremido num beliche, com os pés do Amarildo tocando
as minhas narinas, enquanto você tinha seu quarto e finos lençóis de
seda...

Arlindo agarrou Jeitosinha pelos braços e fitou o fundo de seus olhos.

- Mas o que eu nunca vou perdoar mesmo foi aquela surra que levei quando
descobri a verdade sobre você... - Arlindo tremia de rancor.

- Mas nem eu mesma sabia! - Tentou defender-se Jeitosinha.

- Chega! Chega de suas mentiras!

Arlindo virou-se em direção à porta. A irmã, desesperada, lançou-se ao
chão e abraçou seus pés.

- Não, Arlindo... Por favor! Eu faço qualquer coisa!

- Qualquer coisa? - O tom do rapaz agora era mais suave.

- Comece mostrando-se para mim. Quero vê-la nua!

Relutante, Jeitosinha livrou-se de suas roupas e revelou seu corpo
perfeito de mulher.

Bem, quase perfeito.

- Não é justo... - Balbuciou Arlindo, apontando o apêndice que fazia de
Jeitosinha um quadro surrealista - Até neste quesito você ganha de
mim...

- Por favor, não seja rude comigo...

- O que? - espantou-se o moço - Você imaginou que eu quero tocar você? É
ruim, heim?

- Mas... O que você quer então? - Perguntou a moça, voltando a se
vestir...

- Você vai me render dinheiro, irmãzinha. Muito dinheiro!

De que maneira Arlindo conseguirá dinheiro com Jeitosinha????

sexta-feira, junho 13, 2003

Havaianas são vendidas por até R$ 500 em Londres

Se alguém quiser comprar as minhas, eu vendo por R$ 100 e ainda divido em duas parcelas!!!
Quem vai querer? ;-)
Jeitosinha mas Vagabunda - Capítulo X - O descobrimento de Jeitosinha

Jeitosinha não conseguia entender o porque do bilhete deixado e do
cheiro do desinfetante no sofá. Seu irmão, o cúmplice, também não sabia
o porque deste acontecimento mas ele estava menos calmo com esta
situação.

- O que está acontecendo??? - disse Jeitosinha muito nervosa para o
irmão Adenair

- Eu não sei - disse Adenair

- Mas como??? só eu e você sabemos desta história - disse Jeitosinha

- Então alguém mais sabe - disse Adenair

- E porque não se manifesta??? - disse Jeitosinha não entendendo a
situação

Adenair ficou alguns minutos pensativo e disse no final:

- Um dos nossos irmãos sabe de seu problema e quer te preservar

Jeitosinha quase caiu de costas e pensou: qual dos irmãos é o outro
cúmplice???

- Não se preocupe...com esta outra pessoa não precisamos nos preocupar. Mas
precisamos ter cuidado quando matarmos a mamãe - disse Adenair

- Então deve ser o Arlindo!!!! Vamos contar tudo para
ele!!! Inclusive sobre o meu corpo!!!

Qual será a reação de Arlindo???

Aguarde próximo sensacional capítulo!!!!

quinta-feira, junho 12, 2003

Jeitosinha mas Vagabunda - Capitulo IX - Grande surpresa

Passava da meia-noite quando Jeitosinha voltou para casa. Seu álibi foi
perfeito: consumiu as últimas horas estudando Geografia com uma amiga,
como costumava fazer. Ela estava impressionada com a própria frieza:
conseguiu concentrar-se nos livros e conversar amenidades como se nada
tivesse acontecido. Mas ainda sentia nas mãos o tremor da serra
elétrica. Os gritos de Ambrósio continuavam ecoando em seus ouvidos. Eram sensações
surpreendentemente gostosas. Arrependimento mesmo, só o de ter perdido o
capitulo da novela das nove.

"A mamãe eu matarei na hora do Jornal Nacional", jurou para si mesma. As
luzes da sala estavam acesas. Viu pela janela os vultos de seus familiares.

Entrou pela porta principal preparando-se para fingir dor e desespero ao
se deparar com os pedaços de carne e ossos de seu pai espalhados pela sala.

Mas qual não foi o seu espanto ao perceber que não havia na casa um só
vestígio de seu crime hediondo! Quatro de seus irmão, inclusive Adenair,
estavam assistindo TV, tranqüilamente. Sua mãe havia se recolhido ao
quarto.

- Onde esta o papai? - Perguntou.

- Foi pescar. - Respondeu Amarildo, o segundo filho de Ambrósio e
Marilena.

- Pescar?

- Sim, deixou um bilhete com a mamãe, dizendo que resolveu na última
hora e que volta amanhã a noite.

As belas pernas de Jeitosinha estremeceram e ela sentiu uma estranha
vertigem. Realmente seu pai era dado a estes rompantes e o sumiço não
chegava a espantar ninguém em sua casa.

"Será que tudo não passou de uma alucinação?", questionou-se. Mas não.
Observando o revestimento plástico do sofá onde o crime havia
acontecido, percebeu o cheiro de detergente e marcas de pano , que
sugeriam uma limpeza recente. Jeitosinha puxou seu cúmplice, Adenair, até o quarto.

- O que esta acontecendo?

- Eu e que te pergunto! - retrucou o irmão - Você não iria matar o
papai?

- Matei! Eu matei! Alguém escondeu os restos, limpou a sala e ainda
deixou um falso bilhete para a mamãe!

Adenair deu um gritinho ansioso e histérico. Jeitosinha esbofeteou-lhe
face e disse, resoluta:

- Calma. Você já esperou mais de 20 anos. Não acho que seja a melhor
hora prá soltar a franga...

Que estranho mistério se esconde na casa de Jeitosinha?

Confira no próximo e emocionante capitulo.

quarta-feira, junho 11, 2003

As maravilhas da ciência....
Gugu Liberato será pai outra vez
Jeitosinha mas Vagabunda - Capítulo VIII - Falsa loira nua

Adenair, que era estagiário na Secretaria de Meio Ambiente do município,
conseguiu, sem chamar a atenção, retirar uma moto-serra no almoxarifado
da Prefeitura. Como o dia seguinte seria um Domingo, ele teria tempo de
limpar a ferramenta e devolvê-la a seu local de origem antes que dessem pela
sua falta.

Ao cair da noite, ninguém na família poderia imaginar o drama que se
desenrolaria nas próximas horas. Um por um os irmãos mais velhos foram
saindo, como quaisquer jovens numa noite de Sábado. Adenair foi o último
a deixar a casa. Controlando as emoções, despediu-se do pai sem
despertar suspeitas.

Enfim, a sós, Jeitosinha e Ambrósio assistiam ao telejornal das oito.
Ela usava um vestidinho curto. Balançava provocativamente as pernas,
mostrando toda a extensão de suas coxas bem torneadas. A loira sabia que
o pai moralista logo iria implicar com a roupa.

- Precisa usar um vestido tão curto? Vá já se vestir direito! - Ordenou
Ambrósio, apontando para o quarto de Jeitosinha.

Era a deixa que a moça esperava. Ela entrou no seu quarto e reapareceu
poucos minutos depois, causando a última e pior visão que aquele homem
rude jamais tivera. Sua filha, seu meigo tesouro, estava completamente nua,
portando a serra elétrica. Mas o maior espanto de Ambrósio foi constatar
a existência de uma outra ferramenta, pendurada entre as pernas da bela
loira.

- N-não pode ser! Não pode ser! O que é isso? - Balbuciou o homem, com
uma expressão patética, indicando o bráulio de Jeitosinha.

- Isto sou eu, papai! Eu sou o monstro que você criou!

O som ensurdecedor da serra abafou os gritos desesperado do homem, que
de tão surpreso sequer teve forças para lutar.

Minutos depois, tudo era silêncio e calma. Jeitosinha tomou um banho
demorado, vestiu-se, escondeu a serra elétrica num terreno próximo,
seguindo o plano previamente combinado com o irmão, e dirigiu-se
tranqüilamente à casa de uma amiga, deixando montado na sala de sua casa
um cenário dantesco.

Estava encerrada a primeira etapa de sua vingança. Ou pelo menos
Jeitosinha imaginava que sim...

Prepare-se! Jeitosinha terá uma grande surpresa! Confira no próximo e
emocionante capítulo!

terça-feira, junho 10, 2003

Jaspion
Título Original: Kyoujyuu Tokusou Juspion
Título traduzido: Investigador de Monstros Juspion (Juspion é abreviação de Justice Champion, que significa Campeão da Justiça)
Título no Brasil: O Fantástico Jaspion


Ô loco!! Quer dizer que o nome "Jaspion" vem de "Juspion", pronunciado em inglês???!!
Caramba!! Fomos enganados!!
Pior que não tem nem como tirar a prova.... no seriado tava tudo escrito em japonês!! :-)

Se vc não sabe ou não lembra quem eram Jaspion, Changeman, etc... clique aqui!
Jeitosinha mas Vagabunda - Capítulo VII - Plano de vingança

Não foi difícil para Jeitosinha convencer Adenair a juntar-se a ela em
seus planos de vingança. Ele sabia que seu pai, violento e castrador, jamais
o deixaria sair do armário. Com Ambrósio morto, um novo horizonte, muito
mais colorido, se desenhava à sua frente.

- Já pensou, Jeitosinha? Vou poder comprar um Ka dourado... Colocar
piercings nos mamilos... Fazer backing vocals no show do Edson Cordeiro!

Adenair só não estava muito certo sobre a morte da mãe. Marilena sempre
foi uma mulher zelosa de seus filhos, e muito carinhosa com os sete.

- Você acha que o erro da mamãe foi assim tão grave? - perguntou.

- Se eu acho? - indignou-se Jeitosinha - Minha vida foi uma farsa!

- Mas sempre é tempo de recomeçar... Você pode fazer uma operação de
troca de sexo...

- Não é tão simples. Eu gosto de mim como sou! O problema é que o mundo
não está preparado para aceitar pessoas diferentes!

- Pôxa... O mundo aceitou o Michael Jackson! - ainda insistiu Adenair.
Mas Jeitosinha estava decidida.

"- A vingança vai começar. Papai será a primeira vítima."

- Qual é o seu plano?

- Amanhã é Sábado. Neste dia, à noite, todos os nossos irmãos saem para
se divertir. Mamãe tem a novena na casa de Dona Nair e papai e eu
costumamos ficar sozinhos em casa.

Adenair ouvia com atenção o plano traçado por Jeitosinha na noite
anterior.

- Papai terá uma morte violenta. Sangrenta. Algo tão hediondo que
ninguém suspeitará que o crime poderia ter sido praticado por uma pessoa
como eu, uma jovem loira, maravilhosa e frágil...

- E como eu poderei ajudar? - Perguntou Adenair.

Jeitosinha esboçou um sorriso estranho e respondeu, num tom seco:

- Me arranje uma serra elétrica!

Sangue! Corpo esquartejado! Falsa loira nua!

Confira na próxima semana, no próximo e emocionante capítulo!

segunda-feira, junho 09, 2003

Dois argentinos chegaram em São Paulo sem nenhum Real.
Nas primeiras horas da manhã, um diz para o outro:
- Vamos nos separar e vamos pedir dinheiro na rua e no final da tarde, nos reencontramos p/ ver quanto ganhamos.
Cada um vai para um lado...
Ao cair da tarde, encontram-se novamente.
- Eu ganhei R$ 30,00.
- E o que vc fez para ganhar isso?
- Fui ao parque Ibirapuera e disse: TENGO 3 HIJOS PARA SUSTENTAR E PRECISO DE AJUDA!
- E você, quanto ganhou?
- Eu ganhei R$ 1.800,00 !!
- O que?? E o que você disse para ganhar tanto????
- Eu disse: ME FALTAM 6 REALES PARA VOLTAR PARA A ARGENTINA !!!
Capitulo VI - Jeitosinha Mas Vagabunda - - O plano macabro de Jeitosinha


Dos seis irmãos, só o mais velho não se dava bem com Jeitosinha. Todos
os outros nutriam um enorme carinho pela caçula. Adenair, o sexto filho,
um ano mais velho que a irmã, era o grande amigo e confidente da moça.

- O que foi, Jeitosinha? Você parece distante... - perguntou Adenair,
durante o café da manhã.

Jeitosinha percorreu a cozinha com os olhos e certificou- se de que os
dois estavam sozinhos.

- Irmão... Você saberia guardar um segredo muito importante?

O moço gelou por dentro. Embora Jeitosinha não suspeitasse, Adenair
também guardava um mistério. Ele balançou a cabeça positivamente,
respondendo a pergunta.

- Então, vem comigo...

A loira puxou o irmão pela mão até o seu quarto. Trancou a porta e
desabotoou a calça jeans.

- Que isso! O que você esta fazendo, Jeitosinha? Sem dizer uma palavra,
Jeitosinha exibiu seu membro masculino a Adenair.

- Não! Não pode ser! Me diz que isso é de borracha e que hoje é Primeiro
de Abril! - reagiu o rapaz.

- É o que você esta vendo, irmão... Eu sou homem!

- Não, Jeitosinha... Isso aí não quer dizer muita coisa... - o olhar de
Adenair era estranho - Eu também tenho um e...e... Jeitosinha entendeu
na hora. Então não era por acaso que Adenair comprava todos os discos da
Celine Dion e não dava as dicas da Ana Maria Braga.

- Adenair... Você é gay?

- Sim! Minha condição é muito pior do que a sua! - confessou o irmão,
entre soluços - Você pelo menos pode usar aquele vestidinho pink
ma-ra-vi-lho-so!

Jeitosinha abraçou Adenair e enxugou suas lágrimas com os dedos.

- Adenair... Só me tira uma duvida...

- É, fui eu sim. - emendou o rapaz

- Sua Barbie esta no fundo da minha gaveta de meias... E agarrou-se a
Jeitosinha com uma enorme sensação de alívio...

Será que Adenair vai se juntar a irmã no plano de vingança?

sexta-feira, junho 06, 2003

Jeitosinha mas Vagabunda - Capitulo V - Bruno e Jeitosinha

Desilusão, medo, vergonha. Sentimentos variados dominavam a cabeça de
Bruno quando Jeitosinha lhe expôs sua triste verdade. Sentia que ainda a amava
e ate compreendia que ela era a grande vitima desta trapaça do destino,
mas o amor estava isolado por um intransponível muro de aversão.

- Não podemos continuar juntos, meu amor! Eu sou hetero!

- Mas Bruno... Eu continuo sendo a mesma!

- A mesma? Com aquele coisa enorme, que parece um celular Motorolla
daqueles antigos? Não, Jeitosinha. Lamento, mas esta tudo acabado entre
nos!

"Que somos, senão germes rastejantes num enorme teatro do absurdo?",
pensou a loira, tomada pelo desanimo.

Jeitosinha voltou para casa com passos lentos, como se carregasse o
mundo nas costas. Ao entrar em casa deparou- se com Ambrosio.

- Onde você estava, tesouro? Papai já lhe disse que uma mocinha frágil
não pode ficar zanzando por ai!

Embora fosse um homem violento, Ambrosio era sempre doce e atencioso com
Jeitosinha. Por isso mesmo a filha, ate então, o adorara. Mas agora,
sabendo que vivia uma farsa, e que a origem de todo o seu sofrimento era
o medo imposto a Marilena por aquele homem, sentia ânsias de vomito só
de olhar para o seu rosto. Vingança! Era tudo o que Jeitosinha queria
naquele momento!

A vingança penetrou cada pequena veia de seu coração, antes ocupado pelo
amor que sentia por Bruno.

Controlando o tom de voz e forcando um sorriso, Jeitosinha respondeu ao
pai:

- Estava estudando com umas amigas. Estou com muita dor-de-cabeça e vou
me deitar, papai.

A moça se trancou no quarto e tirou da bolsa uma revista pornográfica,
que acabara de comprar numa banca próxima a casa de Bruno.

- Então são assim os homens e mulheres! - disse baixinho para si,
enquanto folheava a publicação.

Completamente nua, viu no espelho que era uma mulher perfeita. Comparou
seu pênis com os dos atores pornos da revista. Eram muito parecidos, embora
o de Jeitosinha fosse maior. Tocou-se como nunca havia se tocado.
Deixou-se dominar pela libido, livre da repressão imposta pelo pai.

Ao se deitar para dormir, Jeitosinha estava muito triste, mas não havia
perdido a razão de viver. Ela sabia que tinha uma missão: Destruir
Ambrosio, Marilena e Bruno.

Qual será o planão macabro de Jeitosinha?

Confira, no próximo e emocionante capitulo!

quinta-feira, junho 05, 2003

Estudo diz que lavar pratos pode prevenir câncer

Um estudo realizado por pesquisadores chineses e australianos concluiu que exercícios físicos podem diminuir o risco de câncer de ovário, entre eles, o ato de lavar pratos.

Arrumaram uma desculpa científica para convencer as mulheres a lavar pratos sem reclamar.... ha ha ha
Sensacional. :-D
Pra quem assistiu Matrix Reloaded, eis o diálogo inteiro entre o Neo e o Arquiteto.
(Nesse mesmo endereço tem um link para uma possível "tradução" da conversa)
Santos vence Independiente por 1 a 0
Com este resultado, a equipe brasileira só precisa de um empate, dia 18, na Colômbia, para garantir vaga na final da competição sul-americana.

o duro é que poderia ter feito uns 6 ou 7 gols... mas blz, agora lá na Colômbia a gente ganha de novo. ;-)
Jeitosinha mas Vagabunda - Capitulo IV - Reação de Jeitosinha


O mundo desabou diante dos olhos de Jeitosinha. Tudo o que ela pensava
ser, todos os seus sonhos de menina e a possibilidade de um orgasmo múltiplo
clitoriano eram subitamente arrancados para sempre de sua vida! E o que
ela diria a Bruno, seu amado, um rapaz de boa índole que trabalhava
como caixa no Banco do Brasil?

- Nunca vou te perdoar! Porque, mamãe? Porque você fez isso comigo? - A
revolta saltava de seus olhos cor de esmeralda, como ondas de fogo.
- Calma, querida! Ainda posso desfazer meu erro! A gente conta tudo para
seu pai, eu compro pra você umas cuecas, você corta este cabelo, aprende
cuspir e cocar o saco... Enfim, você recomeça sua vida!
- Mas você não entende, mãe? Eu me sinto uma mulher!!!
Ta vendo como tudo tem um lado positivo? Você é um traveco e sua mamãe
aceita! As justificativas de Marilena não estavam ajudando muito.
Desesperada Jeitosinha saiu de casa e vagou, vagou durante horas pelas
ruas da cidade. Acabou concluindo que o melhor era procurar Bruno e dividir
com ele sua angustia. "Se ele realmente me ama, vai me aceitar como eu
sou", pensou. O rapaz se surpreendeu ao abrir a porta e encontrar sua
amada. Pela rigidez moral de sua criação, Jeitosinha jamais iria até o
apartamento de um rapaz solteiro.

- Você aqui, querida?
A moça entrou muda e sentou-se no sofá. Bruno toca seu rosto. - Você
está estranha... É porque não te liguei? Desculpe, mas perdi meu
telefone celular!
- Não é isso, Bruno... - Sussurra Jeitosinha.
Encarando o amado fixamente ela pede, com a voz trêmula:
- Me beija! Me beija como se fosse nosso último beijo de amor! Ondas de
calor percorrem os corpos dos dois. Bruno começa a explorar o corpo da
amada com as mãos, numa liberdade que nunca experimentara antes.
- Tenho algo importante a lhe dizer Bruno... - Diz a bela loira, no
exato momento em que os dedos do rapaz percebem um inesperado volume
entre as pernas de Jeitosinha.
- Já sei, amor... - responde Bruno, abrindo um sorriso.
- Já sabe? - Surpreende-se a moça. Bruno aperta levemente o pênis da
loira.

- Claro, querida! Estou sentindo. Você achou o meu celular!

quarta-feira, junho 04, 2003

Como funciona a memória
Muito interessante... dá dicas aos professores de como ensinar de forma que os alunos armazenem mais facilmente a informação na memória.
Jeitosinha Mas Vagabunda - Trágica revelação - Capitulo III


Só a voz de taquara rachada e a sandália numero 41 davam indícios do
segredo que envolvia a natureza de Jeitosinha. Mas o que todos viam era
uma loira de1,70 m, cabelos sedosos ate a cintura, cativantes olhos
verdes, cintura fina, coxas grossas e bem torneadas, seios pequenos e um
bumbum perfeito.


"Como ela consegue não ter nenhuma celulite? Parece bunda de homem!",
alfinetavam as amigas.


Era sobre a beleza e feminilidade da filha que Marilena pensava, quando
a chamou para uma conversa definitiva.


- Querida, tenho algo muito importante a lhe revelar.


- O que foi, mamãe? - perguntou Jeitosinha, apreensiva, lendo a angustia
nos olhos da pobre senhora.


Marilena respirou fundo e foi diretamente ao ponto central do problema,
como se tentasse extirpar com um único golpe o câncer moral que
atormentava sua
existencia:


- Você não e uma mulher.


- Claro que não mamãe!


- V-voce já sabia, Jeitosinha? - Surpreendeu-se Marilena.


- Claro. Tenho minhas amigas na escola. Embora você nunca tenha me
falado sobre essas coisas, eu sei que não sou mulher.


Marilena respirou aliviada.


- Então você já sabia que...


- Sim, mamãe. Eu ainda sou uma donzela.


Por um instante Marilena deixou-se abater pelo desanimo. Pensou em
sumir, dar cabo da própria vida, qualquer coisa que a livrasse da enorme
decepção que teria que causar a filha. Mas Jeitosinha era uma garota
doce e compreensiva. E mesmo sendo loira, devia ter - mesmo que
instintivamente - a percepção de que não era uma moca como as outras.


- Querida... - Perguntou Marilena - você nunca notou nada de estranho no
seu corpo?


- Bem, mamãe... - respondeu Jeitosinha, encabulada - eu nunca entendi
muito

bem porque eu sinto uma dor horrível entre as pernas quando uso uma
calcinha apertada ou tomo uma bolada no Vôlei...


- O que mais, minha filha?


- Hmmm... Nas aulas de Educação Sexual eu tenho uma certa dificuldade em
entender por onde e que os homens depositam na gente as tais
sementinhas...


Era a oportunidade que Marilena esperava para contar a menina toda a
verdade.


Como Jeitosinha reagira a constatação de que é espada?

terça-feira, junho 03, 2003

Faz tempo que estou devendo um post que justifique o nome do blog, e ao mesmo tempo alimente os famintos por nostalgia como eu... Então lá vai, de uma vez só, vários links de sites legais sobre nostalgia dos anos 80 (década da infância desse idoso que vos fala):

http://www.infancia80.com.br
http://anos80.weblogger.com.br
http://www.avelharia.hpg.com.br
Revista Época - anos 80 (valeu, Pablito)

quem souber de outros sites legais por favor adicione nos comentários. ;-)
Jeitosinha Mas Vagabunda - A farsa - Capitulo II


Não foi dificil esconder do pai da crianca a verdade sobre Jeitosinha.
Ambrosio era um homem conservador e moralista, embora seus atos nao
correspondessem a disciplina rigorosa que impunha aos filhos e a esposa.


Por esta razao, ninguem estranhou que desde muito cedo a cacula tenha
sido criada em total isolamento em relacao aos seis irmaos, sob o olhar
atento de Marilena.


Para Ambrosio e os vizinhos, a intencao da mae era preservar a honra e
inocencia da filha.


A menina era o tesouro de seu pai. Sem contato intimo com outras
criancas, a propria Jeitosinha cresceu desconhecendo sua real condicao
de travesti. Os tracos finos da crianca colaboravam, e quando a
adolescencia chegou, Marilena passou a misturar hormonios femininos ao
Biotonico Fontoura que dava diariamente a menina, com resultados
surpreendentes.


Aos 20 anos, Jeitosinha era nao apenas uma mulher, mas a mulher mais
bonita

do bairro. Foram raros os incidentes que ameacaram revelar o segredo de
Marilena. O mais grave aconteceu quando a menina tinha 15 anos.


Era uma tarde de Domingo quando Arlindo, o irmao mais velho, entrou na
sala

gritando:


- Eu vi a Jeitosinha fazendo xixi em pe! Eu vi a jeitosinha fazendo xixi
em

pe!


Com presenca de espirito, antes mesmo que Ambrosio raciocinasse sobre a
frase, Marilena deu um safanao no rapazote:


- Espiando sua irma no banheiro, nao e, safado?


Diante da possibilidade de que a intimidade inocente de sua filhinha
tivesse sido violada, Ambrosio deu uma surra de cinto no pobre Arlindo.


So depois de muitas chibatadas e que foi cair a ficha:


- Que historia e essa?


Mas quando Arlindo saiu do coma, uma semana depois, o pai ja nem se
lembrava mais da pergunta formulada segundos antes dele perder os
sentidos. Para Ambrosio, tratava-se apenas de uma brincadeira do jocoso
Arlindo.


Aqueles foram dias dificeis para Marileusa. Mas a crise que aquela pobre
mae zelosa enfrentava agora, cinco anos depois, era muito mais grave.
Estava chegando a hora de contar a verdade a filha: Jeitosinha estava
apaixonada.


Jeitosinha resistirá à trágica revelacao de sua natureza?


Confira no proximo e emocionante capitulo!

segunda-feira, junho 02, 2003


Santos vence São Paulo por 3x2
Jogão... Esse cara da foto aí (Renato) mais uma vez jogou muito.

Só não concordo com o trecho da matéria que diz "...O jogo, que reuniu os dois elencos mais caros do Brasil..."
O São Paulo tem mesmo um elenco caro... assim como o Cruzeiro e o Corinthians.
O elenco do Santos é caro se considerarem o valor de venda dos jogadores, não a soma de seus salários.
A maioria deles era de ilustres desconhecidos antes do título de 2002.

Mas beleza, é um erro comum associar bom futebol com muito dinheiro. Que venham os colombianos quarta-feira!! ;-)
Jeitosinha mas Vagabunda - Nascimento de Jeitosinha - Capitulo I


Ambrosio e Marilena ja tinham seis filhos, mas a
iminencia da chegada de um

setimo rebento criava um clima de tensao no lar.
As
seis tentativas
anteriores nao foram suficientes para realizar o
sonho do homem: ser pai de

uma menina.


Continuo num banco de pequeno porte, individuo
de temperamento
dificil e
tendo sido vitima de tortura durante a infancia
(era obrigado a se
vestir
de
marinheiro e usar botinhas ortopedicas),
Ambrosio
vivia como uma bomba
prestes a explodir.


Por isso Marilena nem se espantou quando o
marido,
com um tom de voz ate
doce se comparado ao tratamento habitual que
dispensava a familia,
decretou:


- Se for outro cueca eu te mato, sua vaca!


Para a sorte da pobre mulher, Ambrosio estava no
trabalho quando ela entrou

em trabalho de parto. Ao conferir, com a crianca
ainda nas maos da
parteira,
que se tratava de mais um menino, Marilena
chorou convulsivamente.
Dona
Nair, a velha parteira, tentou consola-la com as
palavras simples mas
sabias
dos humildes:


- E depressao pos-parto. Estima-se que ela
atinja
10% das puerperas. Ela
pode ser severa e resistente ao tratamento
farmacologico, mas o estrogenio
em doses decrescentes, durante duas semanas,
mimetizando o ciclo ovariano -

tem sido eficaz em alguns casos, viu, fia?


- Nao e isso, Dona Nair... - Interrompeu a
mulher,
entre lagrimas -
problema
e que o Ambrosio vai me matar se souber que e
outro varao...
Dona Nair era uma mulher experiente. Com um
sorriso
maroto, sugeriu:


- Se e assim, crie o garoto como se fosse uma
menina. Ambrosio nunca sabera

a diferenca...


- A senhora acha que isso pode funcionar? -
animou-se Marilena.


- Ja vi demais... Lembra daquela pivo que jogava
na selecao de
basquete?
Agarrando-se aquele fio de esperanca, a mae
abracou carinhosamente
a
crianca
e encheu-se de ternura.


- E... pode dar certo. Ate que ele e
jeitosinho...


- Jeitosinha, fia... - corrigiu Nair -
Jeitosinha!


Conseguira Marilena levar esta farsa adiante?